A Busca pelo Equilíbrio
O equilíbrio físico talvez esteja entre os três aspectos mais apreciados por quem namora o yoga a uma certa distância, ficando atrás apenas da flexibilidade e da capacidade de ficar de cabeça para baixo.
Essas conquistas ou capacidades são visíveis e por isso, naturalmente, chamam muito a atenção de um grande público que tende a estabelecer esse flerte através de fotos e vídeos publicados nas redes sociais.
No entanto, quem se aproxima de uma prática bem orientada descobre que essas possibilidades não são o objetivo, apenas fazem parte de um percurso muito mais instigante de autocuidado e autoconhecimento.
Nessa perspectiva, o equilíbrio interno, na forma de certas atitudes invisíveis, perceptível apenas para a própria pessoa, é o que mais importa.
Mas como parte da caminhada e pela relação que existe entre corpo e mente, devemos sim trabalhar a flexibilidade, praticar as inversões e também desenvolver o equilíbrio físico. Além de necessários para manutenção de um corpo saudável e funcional, são uma ferramentas desse projeto maior.
Nesse artigo vou apontar os sete pilares do equilíbrio físico necessários para desenvolver esse aspecto. O sétimo pilar é um ensinamento que pode mudar a forma como você lida com o desafio de tentar se equilibrar seja numa postura simples ou complexa, seja no yoga ou na vida.
Os 7 Pilares do Equilíbrio Físico
1. Labirintos saudáveis
O grande órgão responsável pelo nosso equilíbrio é a nossa orelha, mais precisamente o aparelho vestibular através de todo um mecanismo que foge ao nosso controle, não posso orientar meus alunos “gerencie melhor seus labirintos!”.
Se o problema com o equilíbrio se encontra nesse pilar é fundamental procurar um médico. A prática de yoga pode ajudar de forma complementar estimulando a saúde geral e ao ensinar formas de se adaptar a essa condição.
2. Consciência corporal através da propriocepção
Fisiologicamente, a propriocepção ocorre através da informação posicional enviada ao sistema nervoso central por meio dos receptores encontrados nos músculos, tendões, ligamentos, articulações e pele.
Explorar essa capacidade é uma das premissas da prática de yoga de modo que esse pilar do equilíbrio é treinado do início ao fim em uma aula de yoga minimamente embasada.
3. Uso da visão
Esse pilar, apesar de não ser fundamental, afinal deficientes visuais conseguem se equilibrar, auxilia bastante. Isso fica mais evidente nas posturas de equilíbrio do yoga. A dica para usar a visão como aliada nessas posturas é manter o olhar num ponto fixo na linha natural do olhar.
Costumo recomendar meus alunos a experiência de fazer as posturas mais simples em dois momentos, com os olhos abertos e depois com os olhos fechados tanto para evidenciar esse pilar como para desenvolver os demais.
4. Alinhamento e equilíbrio postural
É importante desenvolver uma prática consistente no sentido de desenvolver não apenas a consciência corporal, mas também um certo alinhamento e equilíbrio de tônus muscular que irão favorecer essa relação de equilíbrio intermediada pela força gravitacional tanto na execução de um vrkshásana, postura da árvore como numa caminhada ou numa corrida.
5. Preparação da base
Além de tudo que já foi mencionado, é muito importante aprender a melhor forma de preparar as bases nas posturas de equilíbrio, uma dica simples no caso das posturas cuja base são os pés ou um pé só, é esticar e espalhar os dedos do pé(s) elevando um pouco do chão em seguida retorná-los ao chão relaxados.
Se quiser saber mais, sugiro a leitura de Tadasana, aprendendo a pisar corretamente.
O mesmo vale quando a base são as mãos, ante-braço ou a cabeça, distribua bem o peso e procure aprender os detalhes. Toda construção bem sucedida começa por uma boa base firme.
6. Estado mental e emocional
Existe uma relação direta entre equilíbrio interno e externo, então não se assuste caso você se veja em dificuldade para fazer uma postura que você já tem certo domínio, o desbalanço pode ter uma origem interna, fruto da reação diante de alguma situação desconfortável ou desagradável.
Não se sinta mal por isso, aproveite a postura para investigar o quê está te sacudindo e o porquê. Além de uma oportunidade para essa investigação, a via é um pouco de mão dupla, posturas de equilíbrio ajudam a aquietar a mente e o coração.
7. Atitude de diálogo
É normal perceber alguns alunos brigando consigo mesmos ao fazer posturas de equilíbrio. Essa atitude de luta, rajásica, desestabiliza ainda mais. É importante explorar uma atitude de diálogo entre o uso da força de vontade, as suas condições atuais e as respostas que surgem diante da tentativa.
Nesse caso, quando lutamos contra nós mesmos, o resultado é certo, perdemos.
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Equilíbrio para Seguir em Frente
Tão interessante quanto tomar conhecimento desses pilares é pensarmos que uma das razões pelas quais o equilíbrio físico seja tão apreciado gire em torno dessa capacidade ser marcante na história evolutiva humana, auxiliando na nossa preservação e marcando uma importante transição, quando passamos para condição de bípedes.
Além disso, o equilíbrio envolve uma coragem, pois é importante ter os pés firmes no chão, mas também é preciso saber se equilibrar num pé só para seguir em frente.
Namaste!
Por Gilberto Schulz
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