Toda cultura é uma linguagem

O colorido cultural de onde surge o yoga funciona como uma linguagem simbólica que enriquece a prática com um sentido mais abrangente. Através da transmissão oral de mestre para discípulo desde tempos imemoriais esse olhar foi preservado e atravessou as fronteiras do tempo e do espaço.

Essa conexão serve de ponte para o objetivo essencial desses ensinamentos que nos beneficiam de diversas formas mas que tem como destino revelar nossa verdadeira natureza.

O papel do Guru

No entanto para que isso ocorra de modo efetivo é fundamental o papel de mestres autênticos capazes de contextualizar conceitos que o nosso ego sozinho tendem a distorcer. Recorro a Swami Dayananda Saraswati, mestre com quem tive a oportunidade de estudar presencialmente durante 1 mês em Rishkesh, para deixar isso mais claro:

“Quando um professor falha em criar um contexto para as palavras que usa, ele não consegue transmitir conhecimento através delas. As palavras, então, tornam-se somente uma outra forma de condicionamento. Isso acontece comumente quando o assunto é o Ser. Freqüentemente, num ensinamento que tenta revelar o Ser, palavras tais como “infinito”, “Brahman” e “eterno” são usadas, mas se não são desdobradas, tais palavras se tornam um novo condicionamento, acrescentando mais confusão e falta de clareza à mente do estudante.”

Significado original do termo Guru

E é por conta desse papel fundamental que o mestre é chamado de Guru, termo que segundo a Advayataraka Upanishad pode ser traduzido da seguinte maneira, “Gu” significando sombra e a sílaba “Ru” aquele que dispersa. Por causa do poder de dispersar a escuridão, o guru recebe esse nome.

Essa escuridão dispersa pelo guru se refere à ignorância sobre nossa real natureza.

Assim como no ocidente temos o dia das mães, dos pais, entre outras datas comemorativas, na Índia existe o Gurupurnima uma data que celebra a figura do Guru. Essa data é determinada segundo o calendário lunar e cai no dia da lua cheia, Purnima, no mês de Ashadh (Junho ou Julho).

E a lua cheia?

A lua cheia que ilumina a escuridão sobretudo desta noite simboliza o Guru por conta desse efeito de trazer um foco de clareza em meio a ausência completa de luz.

O termo iluminação espiritual possui a mesma base simbólica. Aponta para aquele que conhece, que tem clareza sobre sua natureza essencial.

Nesse dia lembramos com mais intensidade de sua importância e dedicamos algumas ações para a linhagem de mestres que vêm transmitindo esse conhecimento que hoje chegou até nós por meio do(s) nosso(s) guru(s).

Além de lembrarmos dos nossos mestres e os mestres deles que conhecemos, temos na figura de Vyasa um arquétipo para todos os mestres que estão entre os que conhecemos e Dakshinamurti, simbolicamente o primeiro.

Mantra que revela o entendimento sobre o símbolo do mestre primordial

Minhas saudações

Faço desse texto aqui publicado uma ação de reverência a todos os meus mestres e compartilho com vocês também um verso tradicional de saudação aos mestres.

“Minhas saudações ao Guru que me mostrou a morada daquele que é para ser conhecido, cuja forma é o universo inteiro e que permeia tudo o que se move e tudo o que não se move.”

Saudadações a todos os mestres!
Om Shri Gurubhyo Namah.Harih Om
Gilberto Schulz

Gilberto Schulz
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