praticante de yoga contemplando a natureza

Na prática de Yoga, ao fazer as posturas, as técnicas respiratórias, purificatórias e meditativas a calma é importante, karma yoga também. O entendimento dessa expressão sânscrita enriquece a prática e ajuda a ter uma visão complementar a respeito das diversas frentes de atuação do Yoga.

Diferentemente do que se pensa, Karma Yoga não é um tipo de yoga, diz respeito a uma das nuances dessa atividade que abrange nossa vida de diversas formas. Vou procurar explicar da forma mais simples possível para que o entendimento possa ser verdadeiramente assimilado.

O que é Karma Yoga

O vocábulo “karma” deriva da raiz sânscrita kr, que significa agir, fazer e pode ser traduzido por ação. Karma Yoga é traduzido, portanto, como o yoga da ação. Karma Yoga diz respeito a atitude com a qual lidamos ao executar qualquer ação e também como lidamos com seus resultados.

O verso 47 do segundo capítulo da Bhagavadita diz: Karmani eva adhikaraste ma phalesu kadacana Ma karmaphala heturbhu ma te sangostvakarmani

“Sua escolha é somente quanto à ação, jamais quanto ao resultado. Não queira ser a causa do resultado da ação, tampouco esteja sujeito à inação.”

É fácil compreender que não somos plenamente responsáveis pelos resultados das ações, visto que eles dependem de uma série de variáveis que não temos como controlar. A atitude que nasce desse entendimento faz com que o jogo da vida se torne menos pesado.

Passamos a lidar com limitações, fracasso e até com o êxito de forma objetiva, sem o drama da culpa excessiva ou da vaidade desmedida.

Lidar com resultados indesejados de forma tranquila não significa que estaremos sujeitos a inação. Pelo contrário, isso nos permite aprender com a aparente falha e seguir em frente melhores do que éramos.

O verso 48 do segundo capítulo da Bhagavagita apresenta o conjunto desse entendimento como sendo em si o Yoga: Yogasthah kuru karmani sangam tyaktva dhanañjaya sddhyasiddhyoh samo bhutva samatvam yoga ucyate

“Estabelecido no Yoga, faça as ações abandonando o apego [ao resultado] e mantenha a mesma atitude frente ao sucesso e ao fracasso, Arjuna. Essa atitude de equilíbrio da mente é Yoga.”

Karma Yoga na Prática de Yoga

  • Auxiliando esse entendimento

Através da prática damos inicio a uma série de estímulos que vão além do alongamento e do tônus muscular. Melhoramos a concentração, a respiração, a qualidade e a distribuição do sangue, o funcionamento das glândulas endócrinas, equilibramos tanto a polaridade prânica como a sua concentração nos chakras.

Esses efeitos proporcionam uma mente clara, capaz de questionar de forma mais aprofundada sobre si mesma e sobre a realidade que a cerca e de superar os condicionamentos que antes limitavam tanto o nosso olhar como a nossa capacidade de fazer escolhas e de agir.

E assim, capazes de ver as coisas como são e de escolher conscientemente as ações, nos qualificamos para o agir e o receber os resultados de forma objetiva.

Sabendo disso, nossa prática deixa de girar em torno apenas do quão bem somos capazes de realizar as posturas, ou por quanto tempo conseguimos reter a respiração, ou por quantas horas conseguimos meditar.

A prática passa a se conectar com a nossa vida, o seu dia-a-dia e o viver passa a fazer parte da ponte para moksha, para o entendimento da natureza do Eu.

  • Praticando com o entendimento de Karma Yoga

À medida que essa objetividade mental é conquistada a própria prática de hatha yoga se torna uma expressão de karma yoga e se transforma numa espécie de ritual onde você observa e aperfeiçoa essa forma de se relacionar com você mesmo e com o Todo.

Levando essas considerações em conta, além de enriquecer nossa prática, seguimos nossa jornada nos aproximando cada vez mais do objetivo do yoga: a resposta para a pergunta: “Quem sou eu?” que quando respondida trás consigo a liberdade em relação à sensação de limitação e o encontro com a felicidade que tanto buscamos.

Abraço e harih om!
Por Gilberto Schulz

Gilberto Schulz
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